Quais os tipos e graus de lipedema?
- Dra. Daniela Russo
- 15 de ago.
- 4 min de leitura

Você já ouviu falar em lipedema? Essa é uma doença crônica, frequentemente confundida com obesidade ou retenção de líquidos, mas que tem características específicas e impacto direto na qualidade de vida de muitas mulheres.
Identificar precocemente os tipos de lipedema e seus graus (estágio da doença) é essencial para buscar o tratamento adequado, aliviar sintomas e controlar a progressão.
Neste artigo, explico de forma clara e técnica os tipos e graus de lipedema, seus sintomas e o papel de uma equipe multidisciplinar no manejo dessa condição. Vamos juntas?
O que é lipedema?
O lipedema é uma doença inflamatória crônica que se caracteriza pelo acúmulo anormal de gordura em membros inferiores (e às vezes superiores), com distribuição simétrica, dor, sensibilidade ao toque e tendência à formação de hematomas.
Ao contrário do que muitos pensam, não é causado por excesso de peso, embora possa coexistir com a obesidade. É uma doença com alto fator hormonal e genético.
O lipedema ocorre quase exclusivamente em mulheres e tende a piorar em fases de oscilações hormonais como puberdade, gestação e menopausa.
Quais são os tipos de lipedema?

A classificação dos tipos de lipedema é feita de acordo com a região do corpo afetada. Cada tipo tem características clínicas específicas:
Tipo I – Quadril e glúteos
Acúmulo de gordura limitado à região dos quadris e nádegas.
Muitas vezes, é o estágio inicial da doença.
Pode passar despercebido ou ser confundido com um “biotipo corporal”.
Tipo II – Quadris, coxas e joelhos
O acúmulo de gordura se estende até os joelhos.
É comum observar desnível entre o contorno das pernas e dos joelhos.
A pele pode apresentar ondulações e sensação de peso constante.
Tipo III – Quadris até tornozelos
Toda a perna é afetada, dos quadris aos tornozelos.
Joelho e tornozelo podem parecer “alargados”.
O contraste entre o pé (normal) e o tornozelo (inchado) chama atenção, e pode haver aquele “efeito garrote”.
Tipo IV – Braços
Envolve tambéos membros superiores, geralmente associado aos tipos anteriores.
A gordura se acumula principalmente na região do tríceps.
Os braços tornam-se pesados e doloridos ao toque.
Tipo V – Apenas do joelho para baixo
É menos comum.
O acúmulo de gordura se concentra nas panturrilhas e tornozelos, com pés preservados.
Quais são os graus de lipedema?

Além dos tipos, o lipedema é classificado em graus de severidade, de acordo com a textura da pele e o avanço da doença:
Grau I – Início discreto
A superfície da pele é lisa.
A gordura é de consistência macia.
Sintomas leves como cansaço nas pernas e pequenos hematomas.
Grau II – Irregularidades na pele
A pele começa a apresentar ondulações, nódulos e irregularidades.
Sensação de peso e dor se tornam mais frequentes.
A gordura é mais densa e começa a endurecer.
Grau III – Deformidades e fibroses
Há deformidades visíveis, com grandes volumes de gordura e nódulos palpáveis.
Mobilidade pode ser afetada.
Fadiga, dor crônica e impacto funcional significativo.
Grau IV – Lipolinfedema (complicação associada)
O lipedema evolui com comprometimento do sistema linfático, causando linfedema associado.
Inchaço persistente, principalmente nos pés.
Há risco de infecções e piora significativa da qualidade de vida.
Sintomas comuns do lipedema
Dor ao toque;
Sensação de peso e cansaço nas pernas;
Inchaço ao final do dia;
Tendência a hematomas espontâneos;
Dificuldade para perder gordura nas regiões afetadas, mesmo com dieta e exercício;
Desproporção entre tronco e membros inferiores;
Inchaço que não melhora com diuréticos.
Por que o diagnóstico precoce é tão importante?
O lipedema ainda é subdiagnosticado, infelizmente. Muitas mulheres passam anos sem entender por que suas pernas são doloridas, inchadas e desproporcionais, mesmo com hábitos saudáveis.
Um diagnóstico precoce permite:
Evitar a progressão da doença;
Reduzir dor e desconforto;
Prevenir deformidades e impacto funcional;
Melhorar autoestima e qualidade de vida;
Estabelecer estratégias eficazes de controle.
Qual o tratamento ideal para o lipedema?
O tratamento do lipedema não é apenas estético. Ele é clínico, funcional e muitas vezes multidisciplinar. Não existe cura, mas há maneiras eficazes de controlar os sintomas e interromper a progressão.
Equipe multidisciplinar recomendada:
Endocrinologista: conduz o diagnóstico, investiga alterações hormonais, acompanha composição corporal e prescreve medicamentos quando necessário.
Nutricionista: orienta sobre alimentação anti-inflamatória, controle de peso e suplementação adequada.
Massoterapeuta ou fisioterapeuta dermatofuncional: realiza drenagens linfáticas, técnicas de liberação miofascial e terapia compressiva.
Dermatologista: avalia a saúde da pele e prescreve tratamentos tópicos.
Cirurgião plástico: em casos selecionados, realiza lipoaspiração específica para lipedema (lipoescultura funcional), aliviando volume e dor.
Conclusão
Compreender os tipos de lipedema e seus graus é essencial para romper o ciclo de frustração que tantas mulheres vivem ao não verem resultado com dietas tradicionais. O lipedema não é uma questão de vaidade ou falta de esforço; é uma condição médica que exige olhar atento, diagnóstico preciso e tratamento personalizado.
Se você se identifica com os sintomas ou conhece alguém com sinais sugestivos, procure ajuda especializada. Quanto antes você iniciar o tratamento, maiores são as chances de manter sua saúde, mobilidade e bem-estar.
Se precisar de ajuda, conte comigo!
Um abraço,
Dra. Daniela Russo
CRMMG 41385 RQE 24679 RQE 24.678
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