Caneta para emagrecer: quanto emagrece e quem pode usar
- Dra. Daniela Russo
- 8 de out.
- 5 min de leitura

Cada vez mais, tenho atendido pacientes que chegam ao consultório com a mesma dúvida: “Doutora, a caneta para emagrecer funciona mesmo?”. Esse interesse não surgiu por acaso. O aumento no número de pessoas diagnosticadas com obesidade fez com que novas medicações ganhassem destaque, e entre elas estão as chamadas canetas para emagrecer.
O que poucos sabem é que, apesar do nome popular, o termo mais adequado é medicação para tratamento da obesidade. Afinal, não estamos falando de uma solução estética ou passageira, mas de um recurso médico para controlar uma doença crônica, que exige acompanhamento e cuidado contínuo.
Neste artigo, vou explicar o que é a caneta para emagrecer, se os resultados são realmente bons, quem pode usar, quais tipos já estão disponíveis (inclusive a nova caneta brasileira Olire) e por que o acompanhamento médico é indispensável para alcançar resultados seguros e duradouros.
O que é a caneta para emagrecer?
A chamada caneta para emagrecer é um dispositivo aplicador de um medicamento injetável usado no tratamento da obesidade. Apesar de o termo ter se popularizado, o mais adequado seria chamá-la de “medicação para tratamento da obesidade”.
Isso porque a obesidade não é uma questão estética, mas sim uma doença crônica, multifatorial e complexa, que exige acompanhamento médico contínuo. O uso dessas medicações faz parte de um plano terapêutico que inclui mudanças de hábitos, atividade física, nutrição adequada e, em alguns casos, terapias complementares.
Como a caneta para emagrecer age no organismo?
Essas medicações imitam a ação de hormônios intestinais chamados incretinas, que participam do controle da glicose e da saciedade.
GLP-1: retarda o esvaziamento gástrico, aumenta a saciedade e reduz o apetite.
GIP (no caso da tirzepatida): atua diretamente nos adipócitos, ajudando a modular inflamação, metabolismo da gordura e fibrose tecidual.
O resultado é uma redução espontânea da ingestão de calorias e, consequentemente, perda de peso.
Quais tipos de caneta para emagrecer existem no mercado?

Hoje, temos diferentes opções de canetas injetáveis para o tratamento da obesidade, cada uma com características próprias em relação à frequência de aplicação, mecanismo de ação e, principalmente, resultados em perda de peso.
Liraglutida
Nome comercial: Saxenda®.
Ação: agonista do receptor GLP-1. Esse hormônio aumenta a saciedade, retarda o esvaziamento gástrico e reduz o apetite, fazendo a pessoa comer menos naturalmente.
Aplicação: diária.
Perda de peso média: em estudos, variou entre 5% e 8% do peso corporal após cerca de 1 ano de uso, quando associada a mudanças no estilo de vida.
Semaglutida
Nome comercial: Ozempic® (diabetes) e Wegovy® (obesidade).
Ação: também é um agonista do GLP-1, mas com ação mais potente e prolongada, o que favorece maior redução da ingestão calórica e melhor controle glicêmico.
Aplicação: semanal.
Perda de peso média: 10% a 15% do peso corporal em cerca de 68 semanas de tratamento.
Tirzepatida
Nome comercial: Mounjaro®.
Ação: Atua nos receptores GLP-1 e GIP. Além de aumentar a saciedade, reduz inflamação nos adipócitos, melhora a sensibilidade à insulina e estimula o gasto energético. Tem maior eficácia de perda de peso quando comparada a outros análogos de GLP-1.
Aplicação: semanal.
Perda de peso média: entre 15% e 20% do peso corporal, dependendo da dose e do tempo de uso.
Olire – a caneta brasileira
Nome comercial: Olire®
Lançada em 2025 pela indústria EMS, é a primeira caneta brasileira para tratamento da obesidade. Tem o mesmo princípio ativo da Saxenda® (liraglutida) e os mesmos resultados.
A vantagem é um custo mais acessível e fabricação nacional, o que amplia o acesso ao tratamento.
Importante
Os resultados não são iguais para todos e dependem de adesão ao tratamento, acompanhamento médico e mudanças no estilo de vida.
Quem pode usar a caneta para emagrecer?
Como médica, gosto sempre de reforçar um ponto essencial: a caneta para emagrecer não é indicada para qualquer pessoa que queira perder alguns quilos por estética. Essas medicações são prescritas dentro de critérios clínicos bem estabelecidos pelas principais sociedades médicas.
De forma geral, podem se beneficiar do tratamento pessoas com sobrepeso e obesidade, com ou sem doenças associadas, após uma avaliação do endocrinologista.
Em situações específicas, a caneta também pode ser prescrita para adolescentes a partir dos 12 anos, com obesidade confirmada, sempre com acompanhamento próximo.
Mas mais importante que os números do IMC, por exemplo, o que considero no consultório é o impacto do peso na saúde e na qualidade de vida da pessoa. Quando vejo que o excesso de peso já está limitando atividades do dia a dia, trazendo cansaço, dores articulares, alterações metabólicas ou mesmo sofrimento emocional, sei que pode ser o momento de associar a medicação.
A caneta não substitui hábitos saudáveis, mas pode ser o impulso necessário para o paciente sair do ciclo do efeito sanfona e começar a enxergar resultados reais. É por isso que eu costumo incluir a medicação dentro de um protocolo estruturado, que engloba: acompanhamento nutricional, atividade física orientada, apoio psicológico e, claro, o seguimento médico regular.
O que gosto de explicar às minhas pacientes: a caneta não é um atalho milagroso, mas uma ferramenta poderosa quando usada com critério e responsabilidade. O objetivo não é só perder peso, mas controlar uma doença crônica chamada obesidade e conquistar mais saúde, disposição e autoestima.
A importância do acompanhamento médico
Como disse, é fundamental entender que a caneta para emagrecer não é uma solução isolada.
O acompanhamento médico garante:
Escolha correta da medicação para cada perfil de paciente;
Ajuste das doses de forma segura e gradual;
Monitoramento de efeitos colaterais (náuseas, vômitos, constipação, dor abdominal);
Avaliação contínua dos resultados para garantir que o tratamento seja eficaz e duradouro.
Sem orientação adequada, há risco de mau uso, expectativas irreais e abandono precoce do tratamento.
O que mais deve estar associado para resultados duradouros?
A perda de peso saudável e a redução do risco de engordar novamente dependem da associação de fatores:
Reeducação alimentar: reduzir ultraprocessados, açúcar e excesso de carboidratos simples; priorizar alimentos integrais, proteínas magras e vegetais;
Atividade física regular: treino de força para preservar e ganhar músculos é indispensável;
Sono de qualidade: noites mal dormidas aumentam a resistência insulínica e a fome;
Manejo do estresse: técnicas de respiração, terapia e espiritualidade ajudam a manter equilíbrio;
Acompanhamento multidisciplinar: endocrinologista, nutricionista, psicólogo e educador físico são grandes aliados.
Conclusão
A chamada caneta para emagrecer representa uma das maiores inovações no tratamento da obesidade nos últimos anos.
Com diferentes opções no mercado — incluindo a Olire, primeira caneta nacional —, essas medicações têm ajudado milhares de pacientes a alcançar resultados significativos e sustentáveis.
Mas lembre-se: não existe milagre. O uso da caneta deve estar sempre aliado a mudanças no estilo de vida, acompanhamento médico e uma visão de saúde integral. É assim que garantimos não apenas a perda de peso, mas qualidade de vida, segurança e resultados duradouros.
Se precisar de ajuda, conte comigo!
Um abraço,
Dra. Daniela Russo
CRMMG 41385 RQE 24679 RQE 24.678
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